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A pecuária super-intensiva chegou

Nos países desenvolvidos, é difícil encontrar carne que não venha de sistemas super-intensivos, também chamados de industriais. Um dos motivos é que a carne produzida em sistemas a pasto custa o dobro ou o triplo. Na França, as “boucheries”, que vendem a carne dos sistemas a pasto, se parecem mais com boutiques do que com açougues.

O rebanho confinado é definido como a soma de todos os bovídeos que ingressaram em confinamentos durante um período de tempo; países desenvolvidos: EUA (2001-2017), Austrália (2006-2015), Canadá (2001-2017); países em desenvolvimento: México (2007-2016), Brasil (2001-2016), China (2004-2016), Argentina (2001-2015), África do Sul (2017), Indonésia (2010), Uruguai (2013-2017/18).

Aqui vem a novidade: não é só nos países desenvolvidos. Uma compilação inédita de dados mostra que o rebanho confinado está estagnado nos países desenvolvidos (Austrália, Canadá e EUA) mas crescendo rapidamente nos países em desenvolvimento (África do Sul, Argentina, Brasil, China, Indonésia, México e Uruguai).

Por que essa disparidade entre taxas de crescimento?

Por que os países desenvolvidos já não têm mais espaço para crescer. Como mostra a figura abaixo, nesses países os animais confinados representam, em média, 71% do abate total. Como sempre existirá uma parte do mercado que demanda animais a pasto, é provável que nos países desenvolvidos os sistemas super-intensivos já estejam esgotados. Por outro lado, nos países em desenvolvimento ainda há amplo espaço para crescimento de sistemas altamente intensivos, pois eles representam somente um terço do mercado:


Números obtidos da seguinte forma: rebanho confinado ÷ cabeças abatidas em 12 meses

O que isto significa para a pecuária e a alimentação no Brasil? Com certeza você tem alguma opinião sobre sistemas de produção intensiva de carne.

No próximo post, mostraremos outro fato marcante: que os sistemas altamente intensivos estão em forte expansão no Norte do Brasil. Fique atento.

Petterson Vale

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Petterson Vale

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